Aqui você encontra informações sobre o funcionamento do cérebro
Estique seu cérebro
Ginástica para o cérebro existe -
e funciona! Baseada em exercícios
de estímulo cognitivo, é saída
para quem ficou com
a memória preguiçosa
por conta das facilidades
da internet.
Chris Mello vira cobaia e conta tudo aqui.
Assim como a ginástica é obrigação desde que fiz 30 e meu corpo passou a registrar em centímetros os abusos gastronômicos, comecei a fazer "musculação" para o cérebro porque algo mudou no meu raciocínio. Prestar atenção num só assunto por muito tempo atualmente é um suplício. Livros me enervam - às vezes preciso reler 21 vezes o mesmo parágrafo porque esqueço o início da frase antes de chegar ao ponto final. Você também está assim?
Dois divãs e seis meses após ter início a suspeita de que havia algo errada com minha cabeça, veio finalmente o diagnóstico: memória preguiçosa. Oi? Efeito da internet, explicou o médico. Nada grave. Só não raciocino mais da mesma maneira. E, provavelmente, você também não. O motivo é simples: a maneira como o cérebro percebe, aprende, recorda e analisa tudo o que capta através dos cinco sentidos está sofrendo profundas transformações em quem, como eu, tem a web como maior fonte de informações.
"Por conta da internet, passamos a raciocinar num modelo horizontal, organizado por categorias, diferente da forma anterior, mais cartesiana, que pregava que devíamos analisar, classificar e organizar hierarquicamente as informações antes de chegar a uma conclusão", explica o psicanalista Jorge Forbes. "Já a internet coloca lado a lado, como os algorítmos de um computador, elementos díspares em natureza, hierarquia e importância, o que resulta num registro de informações mais ágil, porém menos profundo", completa. Resumindo: o "penso, logo existo" de Descartes foi substituído agora pelo "é, porque é". Para as gerações pré-internet, gente que nasceu até os anos 80, a sensação é de estar emburrecendo - ou sofrendo de Alzheimer precoce.
Também influi na (falta de) memória o efeito rebote (da maravilha) de termos nos transformado em pessoas multitarefas, que dirigem, falam no celular, escrevem, fazem até quatro coisas ao mesmo tempo, sem prestar 100% de atenção em nenhuma delas. Estímulo raso, pouca retenção. "Se a pessoa se acostuma a receber a informação pronta e se apega às muletas da tecnologia como o Google, não estabelece estratégias de armazenamento eficazes, e atendência é também de não reter a informação", explica o psicólogo Michel Zanchet, que coordena no Kurotel, em Gramado, um "spa" de estimulação de memória, onde comecei a tal "ginástica para o cérebro".
Zanchet trabalha com dois pilares: séries de estratégias de memorização de um lado, e do outro um programa de gerenciamento de estresse e do sono que dura sete dias, no qual o paciente faz um check-up completo antes de iniciar a maratona de exercícios para diminuir a ansiedade, que também contribui no processo natural de perda de memória. Cigarro e álcool são proibidos. E você recebe doses extras de vitamina B12, essencial para a boa performance cerebral. "A plasticidade da memória e reestabelecida por meio de exercícios cognitivos que criam novas conexões neuronais", explica Zanchet. O programa inclui ainda exercícios físicos para estimular a circulação, a produção de serotonina e a oxigenação celular. "Em 12 sessões, tanto a memória semântica (de longo prazo) quanto a prospectiva (de agendamento) voltam ao normal", promete. Estou contando com isso.
Fonte: Vogue Brasil